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Doados, tênis de corrida vão para competidores carentes


Doados, tênis de corrida vão para competidores carentes


Projeto idealizado por um professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp incentiva a prática esportiva por meio da doação de pares em bom estado.


Um projeto idealizado por um professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tenta incentivar a prática esportiva por meio de doações de tênis de corrida usados. Os equipamentos são testados em laboratório e, caso estejam em condições, são repassados para projetos sociais. Apenas neste ano, cerca de 80 pares foram enviados para crianças e jovens carentes atendidos por duas entidades.


A ideia começou em 2007, quando o engenheiro civil (e corredor) Luiz Vieira Junior embarcou para os Estados Unidos para fazer um doutorado e depois trabalhar em uma universidade do país. Em meios aos estudos no estado de Maryland, ele reparou que os americanos adoravam correr, mas que os calçados novos só duravam no máximo três meses nos pés dos nativos. 


O raciocínio foi imediato: se tanta gente precisa do produto no Brasil, trazê-los para cá era uma boa ideia. Nascia o “Run, Brazil, Run”, uma referência clara ao filme Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), estrelado por Tom Hanks.


Antes de viajar para visitar a família, ele disparava e-mails e entrava em contato com os colegas americanos para pedir a doação dos tênis usados e abandonados. “Eu lançava uma campanha e falava com grupos de corrida também. Esse pessoal, aos poucos, ia mandando. E vendo o resultado, ajudava ainda mais a disseminar a ideia”, conta. 


Mais de 500 pares foram remetidos pessoalmente para projetos sociais até 2013, quando uma nova fase começou. Como havia sido aprovado em um processo seletivo para ser professor da Unicamp, era a partir daqui que tudo teria de ser desenvolvido. E com um adicional: os calçados usados passariam a ser testados em um laboratório da universidade para que a sua qualidade pudesse ser aferida. Um pistão ajuda a simular uma corrida e os dados aparecem na tela de um computador. 


“Conseguimos ver o quanto de impacto o tênis consegue absorver e como ele se comporta em uma situação de estresse. Com isso, é possível ver qual está apto para um reuso”, explica. De todos os pares analisados, cerca de 60% tinham alguma vida útil. Corredores brasileiros que treinam frequentemente costumam descartá-los de seis a oito meses depois da compra. 


Apesar de ter voltado ao Brasil em 2013, foi somente neste ano que foi possível novamente enviar os tênis de corrida para as instituições beneficiadas. Oitenta pares foram repassados há cerca de dois meses para dois projetos. Um é o do professor Ferreirinha, na cidade baiana de Jaguarari, e o outro é o projeto Luasa, de Taubaté, também no Interior de São Paulo. Alguns atendidos até já competiram com o que foi cedido. 


O docente diz que o envio desses equipamentos pode transformar vidas, uma vez que muitas pessoas sequer tiveram um tênis até então. “É extremamente gratificante você ver um criança muito feliz porque ganhou um tênis que, na verdade, é usado e estaria em um lixão só poluindo. Ela faz o uso, tem muito prazer e isso acaba até auxiliando a desenvolver a vontade de praticar um esporte, o que traz vários benefícios para crianças em formação”, conta Vieira Junior.


Impróprios


Até os calçados que não servem mais para a corrida podem ser aproveitados dentro do contexto do projeto, que desde que veio para o Brasil não tem um nome. Uma pesquisa comandada pelo professor quer aproveitar a borracha da sola para outros fins, a partir do momento que o tênis for considerado impróprio. A ideia é triturar o material e utilizá-lo na construção de pistas de atletismo, quadras de futebol society e pisos de playgrounds. Segundo o professor, a borracha demora 500 anos para se decompor na natureza.


A estimativa é que mais de 1,2 bilhão de tênis de corrida são produzidos todos os anos. O problema é que não há informações sobre a qualidade da borracha empregada na fabricação e, assim, fica impossível prever quando o equipamento se tornará mais um fator preponderante para lesões do que um aliado na prática do exercício físico. “Em muitos tênis a borracha se deteriora mais rápido do que em outros. Hoje em dia, o que a gente consegue falar, é se ele está apto para ser utilizado, mas não dar uma ideia da sua vida útil” , explica.


Doações


Quem quiser doar tênis usados para o projeto pode levá-los todas as segundas e quartas-feiras, das 18h às 19h30, na pista de atletismo da Faculdade de Educação Física da Unicamp. No próximo dia 15, a paritr das 19h, o docente fará uma palestra sobre os trabalhos, no Centro de Convenções da universidade.


Fonte: Correio Popular, de 06/10/2015


http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/10/capa/campinas_e_rmc/392305-doados-tenis-de-corrida-vao-para-competidores-carentes.html