INDICADORES AMBIENTAIS
ANÁLISE
AMBIENTAL DAS TECNOLOGIAS
As
tecnologias utilizadas no processo de tratamento de esgotos sanitários
devem ser analisadas tomando-se como base determinados parâmetros
definidos pelos princípios da sustentabilidade, sob o ponto de vista
econômico, social e ecológico. Como cada indicador de sustentabilidade
depende de uma série de fatores particulares, optou-se por
analisá-los separadamente, verificando a influência destes
fatores na quantificação final da sustentabilidade de uma
ETE. A relação apresentada a seguir define os parâmetros
selecionados para a avaliação e comparação
das tecnologias:
Área
ocupada pela ETE - Este parâmetro depende da vazão nominal
a ser tratada e da tecnologia empregada para o tratamento. Para a comparação
das tecnologias quanto à área ocupada pela ETE é conveniente
analisar a relação entre a área necessária
e o número de habitantes atendidos. Desta forma, ao se comparar
dois ou mais processos de tratamento, será mais viável aquele
que apresentar o menor valor para essa relação.
ocupada pela ETA.
Custo
de implantação - Deve-se considerar que, na maioria
das vezes, os recursos financeiros disponíveis são limitados,
principalmente em algumas regiões brasileiras. Assim quanto mais
baixo o custo, maior será a oportunidade de implantação.
O custo varia de acordo com a tecnologia escolhida, o grau de automação
desejado, a vazão tratada e a eficiência desejada para o tratamento.
Para quantificar este parâmetro foi estabelecida a relação
entre o custo e o número de habitantes atendidos.
Potência
instalada - A potência instalada em um sistema de tratamento
de esgotos sanitários é função do tipo de tecnologia
escolhida, da carga orgânica dos esgotos a serem tratados e da vazão
nominal do sistema. Outros fatores como a produção e tipo
de tratamento dos lodos gerados pelo sistema são importantes. Para
a avaliação numérica deste parâmetro estabeleceu-se
a relação entre a potência dos equipamentos eletro-mecânicos
instalados e o número de habitantes atendidos.
Consumo
de energia - O consumo de energia elétrica é fator de
grande importância no custo operacional do sistema. Depende da potência
instalada e do período de funcionamento dos equipamentos. A avaliação
deste parâmetro será feita pela relação entre
o consumo anual de energia elétrica e o número de habitantes
atendidos.
Produção
de lodo - Constitui-se num dos fatores de maior importância nos
custos de operação do sistema. Depende fundamentalmente do
tipo de tecnologia empregado, da carga orgânica, grau de eficiência
desejado e vazão tratada. Será avaliado pela relação
entre a massa de sólidos produzida e o número de habitantes
atendidos.
Remoção
de nutrientes - A presença de nutrientes como nitrogênio
e fósforo nos esgotos tratados pode constituir-se em fator de grande
importância na eutrofização dos corpos de água
receptores. Sua remoção, geralmente é feita em unidades
de tratamento complementares do processo ou através de estratégias
operacionais específicas para essa finalidade, e, assim, constitui-se
em fator interferente nos custos de implantação e operação
do sistema. Será avaliado individualmete para cada parâmetro,
classificando-se como alta, remoções superiores a 80%; média,
entre 50 e 80% e baixa, para valores inferiores a 50%.
Eficiência
e confiabilidade do sistema - O processo de tratamento deve garantir
a eficiência desejada e os padrões de lançamento ao
corpo receptor. Este
indicador depende da freqüência
de análises realizadas para verificação da eficiência
do processo e será avaliado pela porcentagem de amostras que respeitem
aos padrões de lançamento.
Simplicidade
operacional - É fundamental para o bom funcionamento da estação
de tratamento que o sistema seja de fácil manutenção
e controle. A simplicidade operacional depende fundamentalmente da tecnologia
empregada no tratamento e dos equipamentos incorporados no sistema. Em
geral, quanto maior a automação na operação
do sistema menor o risco. Deve-se ressaltar que o grau de automação
da ETE está diretamente relacionado aos recursos financeiros disponíveis
para a sua construção. Como indicador numérico foi
adotada a relação entre o número de funcionários
necessários e o número de habitantes atendidos.
Vida
útil - A vida útil de uma ETE depende da manutenção,
da fiscalização do processo construtivo e da variação
das condições ambientais interferentes. Este parâmetro
é avaliado pelo número de anos em que a estação
de tratamento cumpre com a eficiência necessária à
vazão de esgotos geradas pela população atendida.
Para que
se possa comparar as diferentes tecnologias utilizadas no processo de tratamento
de esgotos sanitários, os parâmetros foram definidos de modo
a permitirem o estabelecimento de valores numéricos. O Quadro I
apresenta os parâmetros, suas formas de avaliação e
unidades adotadas.
Quadro I - Parâmetros, formas
de avaliação e suas unidades utilizados para ETEs.
PARÂMETRO
|
FORMA DE AVALIAÇÃO
|
UNIDADE
|
Área ocupada pela
ETE
|
área ocupada
pela ETE
no de habitantes atendidos
|
m2/hab
|
Custo de implantação
|
Custo
.
no de habitantes atendidos
|
R$/hab
e/ou US$/hab
|
Potência instalada
|
Potência instalada .
no de habitantes atendidos
|
Kw/hab
|
Consumo de energia
|
Energia elétrica consumida
por ano
no de habitantes atendidos
|
Kwh/hab.ano
|
Produção
de lodo
|
Lodo produzido por dia .
no de habitantes atendidos
|
gSST/hab.dia
|
Remoção
de Nutrientes
|
Nitrogênio e Fósforo
|
alta (> 80%)
média (50 a 80%)
baixa (< 50%)
|
Eficiência e confiabilidade
do sistema
|
no de amostras fora do padrãox1000
no total de amostras
|
adimensional
|
Simplicidade Operacional
|
no de funcionários
x 1000
no de habitantes atendidos
|
adimensional
|
Vida útil
|
Número de anos em
que a ETE cumpre a vazão nominal
|
Anos
|
Nos quadros abaixo pode-se observar alguns indicadores citados na literatura.
Quadro II – Áreas necessárias
para tratamento de esgotos por sistemas de lagoas des estabilização.
População (número
de habitantes)
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
10000
15000
20000
50000
|
Área necessária
(m2)
Lagoa anaeróbia + facultativa
Lagoa facultativa unicelular
2260
2600
3390
3900
4520
5200
5650
6500
6780
7800
7910
9100
9040
10400
10170
11700
11300
13000
22600
26000
33900
39000
45200
52000
113000
30000
|
Critério
|
1,74 m2 / hab + 30% = 2,26
2,00 m2 / hab + 30% = 2,60
|
Fonte: (CETESB,
1988)
Quadro III – Áreas e volumes
estimados requeridos no tratamento
de esgotos domésticos por
reatores anaeróbios de fluxo ascendente.
População (hab)
|
Área (m2)
|
Volume (m3)
|
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
10000
15000
20000
50000
100000
|
7,5
11,3
15,0
18,8
22,5
26,3
30,0
33,8
37,5
75,0
112,5
150,0
375,4
750,0
|
25,0
37,5
50,0
62,5
75,00
87,5
100,0
112,5
125,0
250,0
375,0
500,0
1250,0
2500,0
|
Valores per capita
|
0,0075 m2 / hab
|
0,0250 m3/hab
|
Fonte: (CETESB, 1988)
Quadro IV – Comparação
entre tratamento por lagoas de aeração e digestor anaeróbio
de fluxo ascendente.
Características
|
Lagoa facultativa unicelular
|
Lagoa anaeróbia + lagoa
facultativa
|
Reator anaeróbio de fluxo
ascendente
|
Área necessária
para a implantação
|
Grande
|
Grande Muito
|
pequena
|
Custo investimento por hab.(*)
|
Pequeno
|
Pequeno
|
Pequeno
|
Custo de operação
e manutençã
|
Muito pequeno
|
Muito pequeno
|
Pequeno
|
Confiabilidade
|
Muito grande
|
Muito grande
|
Grande
|
Necessidade de mão-de-obra
para a operação
|
Eventual, não especializada
|
Eventual, não especializada
|
Constante, não especializada
|
Requerimento de energia para
a operação
|
Não requer
|
Não requer
|
Não requer
|
Produção de lodo
a ser disposto
|
Não
|
Não
|
Sim
|
Potencial de reaproveitamento
de subprodutos
|
Sim
|
Sim
|
Sim (biogás)
|
Remoção de matéria
orgânica
|
Muito grande
|
Muito grande
|
Grande
|
Remoção de nutrientes
|
Pode remover algum
|
Pode remover algum
|
Não remove
|
(*): Não inclui o custo
do terreno.
Fonte: (CETESB, 1988)
Através dos Quadros II - referente as áreas necessárias
para tratamento de esgotos por sistemas de lagoas de estabilização
- e III - referente as áreas e volumes estimados requeridos
no tratamento de esgoto doméstico por reatores anaeróbios
de fluxo ascendente, pode-se constatar que a área requerida para
uma lagoa de estabilização é bastante superior a requerida
por um digestor anaéróbio.
Outros indicadores apresentados no Quadro I também podem ser encontrados
na literatura como por exemplo a produção de lodo , remoção
de nutrientes e outros presentes no Quadro IV - que compara algumas opções
de lagoas de estabilização e o sistema de digestor anaéróbio
de fluxo ascendente para o tratamento de esgotos de pequenas comunidades.
|