TEXTO SOBRE O EMPREENDIMENTO DA TURMA

 

MÓBILE COLAGEM

 

 

O professor André iniciou o semestre propondo três trabalhos que deveriam ser elaborados ao longo do semestre letivo, sendo que um deles seria um empreendimento proposto pela turma, envolvendo todos os alunos do curso.

 

Após estudarmos sobre Mutação da Mente com Krishinamurti e Pensamento Complexo com Mariotti e Gattaz, chegamos ao ponto possível para os que aceitam o desafio da mudança: uma crise existencial. A possibilidade de recomeçar, de ver com novos olhos aquilo que sempre esteve ali, de aprender a partir do desconhecido. Nesse contexto, o aluno George Franklin, se inquietou com a falta de propostas para a realização do trabalho da turma. Essa inquietação o levou ao mundo das artes, onde ele se encontrou com a colagem, como o trabalho da artista Tatiana Móes Spinelli. A possibilidade de levar em frente essa proposta, se completou quando ele encontrou a resenha de um livro de Krishnamurti, na internet, que aconselha a começarmos algo pela margem do outro lado do rio, aquela que não enxergamos, que não conhecemos. Exatamente isso, começarmos pelo desconhecido.

Brilhante! Retornamos, por um instante ao primeiro dia de aula quando o professor declarou que estaríamos começando uma jornada sem sabermos onde iria terminar. A proposta era de criar o caminho ao percorre-lo.

A turma gostou da idéia. Lá estávamos novamente, iniciando pelo desconhecido. Propostas começaram a surgir. Listas de materiais para fazer a colagem, fazer colagem dos textos produzidos ao longo do semestre, e finalmente, o dia do encontro na sala de aula para a realização do trabalho.

Ao nos reunirmos, começamos a conversar como seria a colagem. Qual imagem utilizar ou o que representar. Surgiu uma idéia baseada no significado da palavra processo, apresentada pelo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, de que, processo é uma sucessão de estados de mudança. A idéia foi de construir um móbile, ou seja, uma estrutura em constante movimento que apoiasse objetos ou formas representadas por colagens.

A idéia foi aceita. Os próximos passos seriam: quais formas utilizar e o que representar com as imagens que comporiam a colagem.

A proposta inicial foi co-evoluindo através da inclusão das várias sugestões da turma, e chegamos ao seguinte resultado: nosso móbile de colagens seria composto por três formas distintas, um cubo, uma espiral alusiva a dupla hélice do DNA, e círculos concêntricos. Essas formas receberiam a colagem de imagens relacionadas com os momentos e propostas vivenciadas por nós na disciplina durante o semestre.

 

A primeira forma foi o cubo, que representou em quatro de suas faces, os objetivos propostos para os quatro grupos organizados pelo professor, além de significar a forma de pensar – quadrada, rígida, linear – como muitos de nós chegamos para cursar a disciplina.

 

A segunda foi o DNA, onde as imagens mostraram, de um lado, o processo ou o caminho que percorremos ao longo do semestre, evidenciando, a leitura, o tempo, a proposta de demolir condicionamentos, a resistência para perceber a realidade de outra forma, representada através dos três macacos – não falo, não vejo, não ouço; as discussões, as crises existenciais de alguns e a indiferença de outros, as anotações, a mudança, o caos, e por fim o início para a “próxima viagem”. O Mundo. O outro lado apresentou imagens simbólicas sobre o trabalho dos quatro grupos. A meditação e orientalidade de Krishnamurti, o abraço de Mariotti com a dinâmica da salada de frutas, os gráficos e grandes edifícios do empreendimento imobiliário, e por fim, o meio ambiente e a sustentabilidade dos “verdes”.

 

A última forma organizada foi a dos círculos concêntricos representando o processo de desenvolvimento do conhecimento que vai do todo para a parte e retorna para o todo. Nessas formas foram representadas as pessoas percebendo o mundo, as realidades, através dos sentidos - os macacos enxergam, falam e ouvem.

 

A estrutura foi montada com arame galvanizado e fio de nylon, as formas com papel acartonado, e a colagem, com recortes de revistas, jornais, tinta plástica, glitter e caneta hidrocor.

 

Finalmente chegamos do outro lado do rio. Interessante, é que agora já não vemos mais ao outra margem...